Entrevista,  Mulher,  Vida Cristã

A Oração e as Mulheres

Em 2012 concedi esta entrevista ao Instituto Jetro sobre o tema Oração. Agora, compartilho com meus leitores na íntegra.

Repost atualizado.

Na história, a mulher sempre se destacou pelo seu papel de intercessora. A Bíblia está recheada de exemplos de mulheres que oravam fervorosamente e que por sua vida de comunhão íntima com Deus alcançaram milagres e grandes realizações.

Mas, e hoje? As mulheres estão orando como antes? Como orar ? Como prevalecer? Como atrair mais pessoas para a oração no lar e na Igreja? Por que muitos acreditam em amuletos, crendices? Por que outros acreditam que há “mais força” na oração de outras pessoas do que as suas próprias orações?

Para falar sobre este tema o Instituto Jetro entrevistou a jornalista Monica Costa.

Monica Carvalho Costa é graduada em Comunicação Social, habitação em Jornalismo, em Teologia, com pós-graduação em Marketing e pós em Bíblia: Interpretação e Comunicação. Líder cristã, atuou como missionária cerca de 15 anos no Japão, pastoreando, ao lado do esposo, uma igreja brasileira. Autora dos livros: “O melhor investimento” e “Oração: caminho para prevalecer e vencer”. 

Há vários relatos bíblicos que nos mostram a persistência das mulheres na oração. Em sua opinião, quais as diferenças das mulheres de ontem e do século 21 quanto à oração?

Mônica – As diferenças culturais e temporais, com certeza, são notórias, como também na vida cristã cotidiana. As mulheres do passado caminhavam longas distâncias, com sua família, para oferecer o sacrifício a Deus. Não eram valorizadas na comunidade e não tinham o direito de falar em público. Suas experiências de oração eram na intimidade com Deus, sozinhas no secreto. E por isso mesmo, cheias de intensidade e emoções afloradas, como vemos no caso de Ana.

Já as mulheres de hoje, possuem a liberdade de orar e falar em público, participam de grupos de oração, cultos de oração ou seja, possuem mais oportunidades de praticar a vida de oração. Contudo, por conta da rotina atarefada e trabalho fora, muitas delas não perseveram nos momentos de oração íntima, quando nos encontramos a sós com Deus. A intenção do meu livro “Oração: o caminho para prevalecer e vencer” é chamar a atenção das pessoas para esse momento tão precioso que Jesus nos ensinou: “entra no teu lugar secreto e fala com teu Pai em secreto e Ele te recompensará”. Mateus 6:6

Como podemos modificar a atitude imediatista dos crentes? Alguns, inclusive, acabam aceitando crendices e acreditando em amuletos como “água orada”, “sal grosso”, “corredor do fogo” ao invés de verdadeiramente se derramar e aguardar o livramento e a resposta do Senhor.

Mônica – Esta atitude é reflexo da sociedade atual que corre freneticamente, da geração ¨fast food¨. Não gostamos de esperar. Mas, o cristão verdadeiro deve aprender a descansar em Deus e esperar Nele, se não quiser correr o risco das coisas não saírem como deseja. Provérbios 14.9 diz – “O longânimo é grande em entendimento, mas o que é de espírito impaciente mostra a sua loucura.”

Os crentes muitas vezes passam, pelo que eu chamo de crise do deserto, quando começam a olhar para as circunstâncias em vez do Criador, como fez o povo de Israel caminhando pelo deserto. Eles se esqueceram dos milagres que presenciaram e experimentaram e, então passaram a murmurar e a exigir uma resposta imediata de Deus. Como não a perceberam, correram para construir um bezerro. As igrejas que adotam essa linha dos amuletos ao invés de valorizar o poder de Deus e ensinar os membros a perceber Deus em todas as situações, ao meu ver já construíram o bezerro de ouro.

Quando Adão e Eva pecaram/desobedeceram, eles fugiram da presença de Deus com medo/vergonha. Você cita : “Uma alma afligida pelo pecado dificilmente se manterá firme em oração”. O que fazer então?

Mônica – O pecado faz separação entre Deus e os homens, por escolha do próprio homem. Deus está sempre disposto a nos perdoar, nunca nos abandona. Os homens é que viraram às costas para Ele. O caminho é o arrependimento e a confissão. Para estar com Deus e ser habitação Dele, essa é a condição principal. Dai a oração flui naturalmente porque ela é fruto da comunhão com o Pai.

O que é prevalecer em oração?

Mônica – As pessoas querem receber bênçãos, ser bem-sucedidas, encontrar um príncipe ou princesa, se dar bem no emprego, etc. e na ânsia de conseguir tudo isso trilham caminhos perigosos, como buscar conselhos nos ímpios. Além da Palavra de Deus que nos ensina sobre todas as coisas, temos a oração que é a chave para abrir as portas do céu e receber bênçãos sem medidas. Prevalecer é tomar vantagem disso. Utilizar a oração como um recurso a nosso favor, além é claro, de manter a comunhão com o Pai que nos dá a força e a direção para a vida diária.

Quando entender isso, você será capaz de vencer toda dificuldade que se levante para impedir ou paralisar sua vida de oração. Você saberá que não é permissível passar um só dia sem orar, assim como não é possível ficar sem ar para respirar.

Por que as pessoas preferem acreditar que terão mais resultados na oração feita por outra pessoa do que por elas mesmas?

Mônica – Podem ser muitas questões, como insegurança, falta de conhecimento, falta de fé… Muitas vezes resquícios de outras religiões, que supervalorizam a oração dos líderes ou que não evidenciam a oração através de Jesus, o único mediador entre Deus e os homens. Por causa de Jesus temos livre acesso ao Pai, isso precisa ser ensinado e praticado.

Ainda hoje as vigílias são convocações atendidas por poucos. Como podemos atrair e comprometer pessoas com uma vida de oração no lar e na Igreja?

Mônica – Confesso que ainda me faço esta pergunta (rs). Na Igreja Primitiva não se falava em estratégias para levar os cristãos para o templo ou para as reuniões de oração, eles simplesmente iam; voluntariamente estavam lá todos os dias. Precisamos resgatar o primeiro amor. Quando amamos de fato e de verdade desejamos estar com o objeto do nosso amor.

Em sua opinião quais os motivos da não participação em vigílias: tempo, falta de compromisso, outros?

Mônica – Hoje, é comum pessoas que trabalham, estudam e ainda precisam cuidar dos filhos, da casa. Eu sou uma delas, tenho uma vida de muitos compromissos. Mas, nem por isso diria que é falta de tempo; o culto de oração, em geral, acontece uma vez por semana e assim, possível de ser adequado à nossa agenda.

É uma questão de amadurecimento, de priorizar o que é importante. Eu, por exemplo, não consigo imaginar-me em casa vendo TV enquanto um culto de oração acontece na Igreja. Na hora de priorizar meus compromissos, estar com Deus é sempre mais importante.

A oração é mais natural para a mulher do que para o homem? Em sua opinião, este papel é mais dela do que dele?

Mônica – O papel deve ser dos dois, tanto homem quanto mulher devem ter uma vida de oração incessante, como diz as Escrituras. Contudo, reconheço que as mulheres tem uma facilidade maior para isso. Há pesquisas que comprovam que elas são mais relacionais, mais emocionais e mais compassivas que os homens, e por isso, mais envolvidas com a Igreja.

No modelo de Igreja que conhecemos, os homens constroem o templo e pregam nos púlpitos, enquanto as mulheres educam as crianças e oram. Mas, está na hora dos homens também serem modelos na intercessão, afinal as mulheres já atuam nos dois cenários.

Quais os conselhos para pastores e líderes que desejam ter uma Igreja realmente envolvida com a oração?

Mônica – Em primeiro lugar, eu diria a eles: sejam os primeiros a darem o exemplo, estando presentes nas reuniões de oração para orar. Já vi líderes em reuniões cuidando de tantas coisas menos de joelhos dobrados orando. Aí vai dizer: ¨mas, eu oro em casa¨ – lá ninguém está vendo, só Deus. É importante que a Igreja veja que seu líder é movido por oração.

A igreja precisa ser estimulada a orar, certa de que essa é a única maneira de alcançar as bênçãos do céu. Quando oramos Deus se move e quando Deus se move algo sempre acontece. Ensinem os princípios que a Bíblia nos dá para uma vida de oração frutífera.

Permita que mais irmãos orem no grupo, que façam seus pedidos de forma audível, que possam interagir. Necessário é que a pessoa sinta-se participante do culto de oração e não apenas espectador.

Reservar um momento do culto de oração para os testemunhos também faz diferença. Além de glorificar a Deus pelos feitos, ensinando o povo a agradecer, motiva a fé de todos pelas respostas às orações.

 

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