Comportamento,  Mo+,  Reflexão

Não tem festa, mas, tem tanta coisa

Hoje não tem festa, nem amigos presentes. Não tem jantar no restaurante. Cinema também não. Não tem passeio no calçadão. Não tem abraço.

A quarentena mudou a rotina, nos distanciou, nos obrigou a ficar em casa. Estou trabalhando em home-office, me adaptando num cantinho da casa. Mas, vamos jogar o “jogo do contente”?

A pandemia nos fez ver o quanto somos frágeis e, principalmente, reconhecer o quanto precisamos do outro. O quanto precisamos que cada um tenha um olhar novo para o próximo. O cuidado de um é o cuidado de todos.

O coronavírus, tão insensível, rouba o que de mais precioso é necessário para manter a vida: o ar.  Enquanto escrevo, tenho um primo respirando por aparelhos numa UTI em São Paulo. Todos que o amam também sofrem com um aperto no coração. Parece nos faltar o ar quando recebemos uma notícia dessa, não é? Então, qual o lado positivo disso? você pergunta. Isso não tem lado, tem a linha do afeto e da oração que se estende por caminhos antes desconhecidos. Todos se unem, independentemente de crenças religiosas, políticas, sociais, na torcida pela plena recuperação dele e de quem mais estiver nesta situação.

Na dor, nossos corações se abrem para a misericórdia, para a solidariedade. Somos tomados pela empatia. Enxergamos o outro como um reflexo de nós mesmos. O próximo, também é alguém que sofre das mesmas angústias, que enfrenta as mesmas dificuldades, que busca as mesmas respostas. Então, eu posso me aproximar… ainda que a distância. Eu posso repartir um pouco do que tenho… um pouco do meu sorriso, um pouco do meu apreço, um pouco do meu conhecimento, um pouco da minha comida, um pouco do meu tempo, um pouco da minha fé… Eu posso compartilhar. Me distanciar, sim, me isolar não.

Uma das parábolas mais impactantes de Jesus, fala de um homem ferido à beira da estrada, vítima de salteadores. Vários homens passaram ao longe e rapidinho; cada um preocupado com seu dia, com suas tarefas, com sua própria segurança. O samaritano, também corria perigo de ser assaltado, também estava sozinho naquela estrada perigosa, porém, ao olhar para o moribundo teve compaixão. Era o certo a fazer. Seu coração contrito não permitiu fugir, como os outros. A solidariedade, o respeito à vida, o amor ao próximo, falaram mais alto. Então, socorrer o outro se torna avultante, ajudar o outro é mais importante, do que pensar em si mesmo. Ao final, fica a pergunta de Jesus… quem amou de verdade ao próximo? Fica também seu mandamento: vá e faz o mesmo!

Quão desafiador é vivermos isso! Infelizmente ainda existem os salteadores, ainda existem pessoas que pensam no lucro e vendem álcool falso, sem respeito nenhum ao próximo; que se preocupam só consigo mesmas. Contudo, também existem bons samaritanos que, na hora da crise, estão estendendo a mão e, carregando se preciso for, aqueles que precisam de ajuda. Tem sim!

Eu estou tentando… tentando, de alguma forma, olhar ao meu redor com mais calma e com mais amor. Por isso, hoje no meu aniversário não esperei nada. E de repente pude oferecer. Assim, alguém me disse: “Monica, você recebeu o melhor presente, o presente de dar. Porque melhor é dar do que receber”*. Nunca pensei que ouvindo isso pudesse me sentir tão satisfeita comigo mesma.

Então, meu aniversário tem gratidão. Celebro mais um ano da minha vida, agradecendo a Deus, verdadeiramente, pelo ar que eu respiro. Pela família que tenho, pelos amigos que fiz, pelos professores da vida que estão sempre me ensinando, pelo trabalho que eu amo, pelos cactos* na minha varanda, pelas mensagens recebidas, pelas histórias que vivi…

Tem falta. Mas, também tem tanta coisa. E não vai faltar chocolate, com certeza!

* Em tudo o que fiz, mostrei-lhes que mediante trabalho árduo devemos ajudar os fracos, lembrando as palavras do próprio Senhor Jesus, que disse: ‘Há maior felicidade em dar do que em receber’ “. Atos 20:35

*A foto, é mesmo de um dos meus cactos que eu ganhei de minha mãe.

Mônica Carvalho Costa – jornalista, profissional da área de comunicação e líder cristã.
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