Vamos mais devagar para apreciar a paisagem

Vivemos correndo. Se notar nos pontos de ônibus, na multidão pelas ruas, vai concordar que essa é uma realidade que pode ser vista de diferentes olhares.

Correr é bom. Ficar parado enferruja, dá problemas de má circulação sanguínea, atrofia ossos. Mas, correr o tempo todo faz mal. Precisa haver um equilíbrio entre correr e descansar. Correr e respirar.

Todos os dias, somos cobrados a sermos mais velozes. No Japão, uma amiga me contou que na fábrica fez um teste para conseguir a vaga de emprego apertando 20 parafusos em dois minutos, todavia eram necessários 28. Em outro momento, meu esposo deveria fazer 2 mil peças por dia para manter seu emprego.

Meu filho correu a última maratona do ano na escola (2009). Entre mais de 100 crianças foi o 36º lugar, fazendo o percurso em 3 minutos e 2 segundos. Para mim foi uma vitória. Quantas crianças não tiveram a mesma sorte devido à incapacidade motora. Tentei deixá-lo feliz com seu resultado, afinal avançou nove posições e ganhou mais velocidade, comparado ao último treino dois dias antes.

Estamos constantemente correndo atrás de alguma coisa. Parece sempre haver algo à nossa frente que desejamos desesperadamente alcançar. Quando não conseguimos, nossa desculpa é o tempo. Isso explica porque alguém chegou primeiro na fila, pegou o táxi que você esperava, ganhou a medalha que você sonhava.

Assim como meu filho entendeu que vencedor é aquele que dá o melhor de si para superar a si mesmo e não aos outros, eu espero aplicar mais vezes essa lição na minha vida. Vamos mais devagar para apreciar a paisagem, com mai犀利士
s tempo para valorizar os pequenos gestos.

Não vale a pena correr se lá na frente não tem alguém esperando para te abraçar e dizer o quanto você fez bem. Para mostrar o quanto você é importante, não importa o seu desempenho. Para te acolher no colo quando estiver cansado.

Não vale a pena correr atrás de coisas que se acabam e ladrões roubam. É correr atrás do vento, disse o sábio Salomão. Melhor investir o tempo para alcançar tesouros maiores, em busca de prêmios incorruptíveis que durarão a eternidade.

Texto escrito em 2009 no Japão
Mônica Carvalho Costa – jornalista, profissional da área de comunicação e líder cristã.

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