Comportamento,  Sociedade

Setembro Amarelo

Eu amava meu tio. Era um homem alegre, prestativo e desapegado das coisas materiais. Quando soube que eu havia passado na universidade (e naquela época a UEL ainda tinha mensalidade), fez logo um cheque para pagar algumas parcelas. Mas, um dia a notícia caiu como uma bomba sobre as nossas cabeças; a notícia que ecoou nas ondas do rádio. O Gil Gomes noticiou. Ele suicidou-se, pulou de um dos últimos andares de um hospital em São Paulo antes mesmo de se confirmar a temida doença. Ele interrompeu a vida antes de completar 40 anos, deixando a esposa e duas filhas pequenas.

Só quando alguém tão próximo de nós passa por algo assim é que de fato sentimos o peso da palavra suicídio. Ninguém podia falar. A família queria esconder. Mas, o jornalismo sensacionalista fazia questão de estampar. Ninguém sabia lidar com a tragédia. A família do meu esposo também contabiliza dois suicídios. Na geração de japoneses que tentaram a vida no Brasil depois da guerra, dois deles não suportaram as diferenças, as pressões, e se calaram com uma corda no pescoço.

Como lidamos com isso?

No Japão, lidei com pessoas que tomaram remédios, cortaram os pulsos ou usaram drogas em altas doses na tentativa de por fim a vida. Pela misericórdia de Deus, eu e e alguns “anjos” do Pai conseguimos chegar e ajudar a mudar a história. Nesse país, que lida com o maior índice de suicídios do planeta, não dá para fingir que o problema não existe. E no Brasil, como lidamos com isso?

A preocupação no Japão aumenta porque as mortes suicidas aumentam em setembro. O governo divulgou dados que apontam um pico nos suicídios no retorno às aulas do segundo semestre. Leia sobre isso na matéria em português publicada pela BBC aqui. Os números também mostram que em 2014, houve registros de suicídios entre crianças com menos de 18 anos, uma delas foi a filha do Massao, um amigo brasileiro que mora na ilha.

10 de setembro é marcado como o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio. No Brasil, a Associação Brasileira de Psiquiatria – ABP realiza uma série de atividades para marcar o Setembro Amarelo, campanhas de prevenção e debates sobre este “preocupante problema de saúde pública” como publicou a ABP.

Em parceria com o CFM, a ABP criou a cartilha “Suicídio: Informando para Prevenir”, que você pode baixar aqui ➳ http://bit.ly/1DFRfAz ou acessar o site www.setembroamarelo.org.br

A melhor solução é falar. É orar. É prevenir. Vamos deixar tudo amarelo antes que tudo escureça.


Mônica Carvalho Costa – jornalista, profissional da área de comunicação e líder cristã.

©Todos os direitos reservados. Os artigos podem ser copiados ou compartilhados desde que citadas as fontes e referências.