Comportamento,  Comunicação,  Reflexão,  Sociedade

Facebook: Use com moderação

Se entra nisso vicia; se não entra é de outro mundo e está por fora de tudo…

por Jorge H. Barro  



Meu Facebook diz que tenho 3.164 amigos/as. Eles não estariam lá se eu não os tivesse aceitado. Antes, quando alguém me pedia para adicionar, eu entrava no perfil da pessoa, fazia uma breve análise, e decidia. Hoje, simplesmente aperto o botão “aceitar”.

Me parece que estamos vivendo a transição de “seguir pessoas” para “seguir ideias”. O Facebook constantemente pergunta: “O que você está pensando?” Seria um retorno ao “se penso logo existo?” O mundo quer saber o que penso, mas não o que sinto.

Manifestamos nossos sentimentos de modo confuso no Facebook. Alguém faz aniversário e mandamos uma nota, mas poucos celebram conosco. Alguém é hospitalizado, mandamos um versículo bíblico, mas ninguém aparece no hospital. Alguém perde emprego, alguém te escreve dizendo o quanto o mundo é injusto, mas quem se importa com suas contas? Alguém se mostra depressivo e surge um monte de carinhas dizendo “I love you”. Alguém diz que seu carro foi roubado e logo chegam mensagens dizendo que Deus é fiel, mas no outro dia você não tem como levar seus filhos na escola, e quem se importa?

Além disso agora temos a chance de ir na igreja online, espalhada pelos canais ao vivo ou gravados.

Tudo isso é uma confusão entre armadilhas e oportunidades. Se entra nisso vicia; se não entra é de outro mundo e está por fora de tudo. O que fazer? Proponho:


1. RESERVE TEMPO PARA AS PESSOAS 

Se sua agenda não tem espaço para as pessoas não reclame quando também elas não tiverem espaço para você. Simples assim! Eu procuro estar disponível para as pessoas por mais ocupado que eu seja ou esteja. Minha agenda não pode ser uma desculpa para o outro.

2. NÃO VÁ PRA CAMA COM ELE

Ele, celular, na cama é um perigo! Perigo para seus olhos, o sono, roubou o lugar do livro, do carinho, carícias e sexo. Ative a função “não perturbe” do seu celular (no iPhone tem esse nome). Aí não receberá esses barulhinhos chatos de chegada de mensagens. O meu “não perturbe” vai das 22:00 às 8:00. Todos logo te acharão, relaxe!

3. PARE DE GASTAR TEMPO INTERAGINDO COM IDIOTICES POSTADAS

É pura perda de tempo que não volta mais ficar interagindo com coisas que não levam a nada. Tem tanta gente que fica indignada no Facebook, cuja indignação não passa da porta da casa. Poste coisas que edificam, enriquecem a vida, gera esperança, glorifica a Deus e chama atenção para questões importantes.

4. LUTE POR UMA CAUSA DIGNA DO EVANGELHO

Qual a causa que você defende e propaga na vida? Você luta pelo que? Se não tem uma própria, compre uma. São tantas dignas de participar: crianças em situação de risco, mulheres vitimizadas, analfabetismo, drogadição, pessoas solitárias, idosos carentes, evangelização, nascentes contaminadas, cidade suja, dengue, e tantas e tantas mais. Acorde, vá à luta, deixe essa mediocridade facebookiana para o medíocres, eles se merecem, você não!

5. DEMONSTRE MAIS AMOR E SENSIBILIDADE PARA QUEM ESTÁ PRÓXIMO DE VOCÊ

Estamos aprendendo a manifestar carinho com carinhas. Vai te fazer um bem enorme ser um instrumento de cura, abraçar, estar ali naquele momento de dor ou alegria. Cuidado para não “amar” os de longe e desprezar os de perto.

Use o Facebook com moderação. Caso contrário precisará de terapia, e aí, será real e não virtual. Cuide-se!

Jorge Henrique Barro é Doutor em Teologia pelo Fuller Theological Seminary (EUA) – Professor e Responsável pelo Departamento de Desenvolvimento Institucional (DDI) da Faculdade Teológica Sul Americana – Presidente da Fraternidade Teológica Latino Americana (Continental) – Avaliador do MEC para Teologia.